BONDADE QUE CONFERE
VIDA
Leitura Bíblica: I
Jo. 3.15 – Texto Áureo: Mt. 5.20-26
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
Na aula de hoje estudaremos a
bondade, veremos inicialmente que essa está diretamente relacionada à
benignidade. Em seguida, destacaremos as características dessa virtude do fruto
do Espírito. Compararemos também a bondade com o homicídio, enquanto obra da
carne, que destrói a vida. Em um no qual predomina a cultura da morte, devemos
levar a vida através da bondade, tendo Cristo como o maior exemplo, ainda que
não sejamos correspondidos.
1. BENIGNIDADE E BONDADE
Há quem assuma que benignidade (gr.
chrestotes) e bondade (gr. Agathosune) sejam virtudes gêmeas do fruto do
Espírito. Essa compreensão é justificada porque se pressupõe bondade da
benignidade. As pessoas que agem de maneira bondosa assim o fazem porque são
conduzidas pelo Espírito, que produz nelas a benignidade. A palavra grega para
bondade se encontra apenas quatro vezes no Novo Testamento, especificamente nos
escritos paulinos (Rm. 15.14; Gl. 5.22; Ef. 5.9 e II Ts. 1.11). Nos contextos
nos quais esse termo se encontra, está relacionado ao serviço cristão, ao
exercício da generosidade. Estamos vivendo em um contexto materialista e
consumista, no qual as pessoas não querem perder aquilo que possuem. O
desprendimento é uma virtude cada vez mais escassa, o individualismo está
degenerando a sociedade. Não podemos esquecer que fomos chamados para o amor
(gr. agape), que deve ser demonstrando tanto a Deus quanto ao próximo (Mc.
12.29-31). Jesus é o maior exemplo de serviço, Ele mesmo assumiu que veio para
servir, e não para ser servido (Mc. 10.45). Mesmo sendo Deus, não teve por
usurpação o ser igual a Deus, tomando a forma de servo (Fp. 2.9). Deu exemplo
ao lavar os pés dos discípulos, quando esses debatiam a respeito de quem seria
o maior (Jo. 13). A igreja cristã deve ter a generosidade como prática constante.
A esse respeito Paulo elogiou as igrejas da macedônia, pois aqueles irmãos, “em
muita prova de tribulação, houve abundancia do seu gozo, e como a sua profunda
pobreza superanbundou em riquezas da sua generosidade. Porque, segundo seu
poder e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente” (II Co. 8.2,3). Os
cristãos de Jerusalém tinham tudo em comum, e não haviam necessitados entre
eles, por causa do exercício da koinonia (At. 4.34,35).
2. CONTRA A CULTURA DA MORTE
A bondade é uma virtude que se opõe
diretamente à cultura da morte, ao homicídio que é uma obra da carne. Desde o
princípio o Senhor havia estabelecido como Lei para o povo de Israel o “Não
matarás” (Ex. 20.13), que na verdade, o termo hebraico rasah seria melhor
traduzido por “Não cometerás assassinato”. Ao reinterpretar essa palavra, Jesus
destacou que há pessoas que atentam umas contra as vidas das outras, não apenas
através de objetos que as firam fisicamente, mas também moralmente e
espiritualmente, através das palavras (Mt. 5.21,22). Seguindo essa orientação
do Mestre, o apóstolo João assume que aqueles que aborrecem seus irmãos estão
agindo como homicidas (I Jo. 3.15). Não podemos incitar a cultura do
assassinato, existe nos dias atuais uma tendência a favorecer tudo o que é destrutivo.
As pessoas se alimentam de práticas mortíferas, elas fazem sucesso nos cinemas
e nos jogos eletrônicos. Os cristãos costumam ser criticados porque se
posicionam pela vida, sendo contrários ao aborto e a eutanásia, inclusive a
pena de morte. Existe violência demais neste mundo, e quanto mais ela for
incitada, um tanto pior. As pessoas estão se consumindo, a destruição começa
pela ganância, o ódio predomina, ao invés do amor. Devemos ter como fundamento
a generosidade de Deus em relação a nós, e nos envolvermos em uma revolução
amorosa. De modo que se alguém nos insultar, devemos responder com amor, e não
“na mesma moeda”, contrariando a justiça dos homens. Essa é uma atitude que
exige renúncia dos seguidores de Cristo, considerando que Ele mesmo deixou o
exemplo, ao perdoar seus algozes na cruz. Ele não retribui de acordo com as
iniquidades, se assim fizesse todos nós seríamos condenados. Por isso Paulo é
categórico ao afirmar que “Ele nos amou sendo nós ainda pecadores” (Rm. 5.8;
12.19-21).
3. PELA PRESERVAÇÃO DA VIDA
Como cristãos devemos propagar a
cultura da vida, pois Jesus é a Vida, nEle desfrutamos (Jo. 11.25; 14.6). E por
que Ele é a vida, tendo Ele mesmo entregue Sua vida por nós, não podemos
difundir a violência. Essa revolução passa pela disposição para perdoar,
trata-se de uma condição que somente pode assumir aqueles que foram alcançados
pela graça divina. Não devemos incitar à vingança, muito menos a práticas
injustas, antes ao amor. É comum os cristãos se oporem ao aborto e a eutanásia,
mas são favoráveis à pena de morte. Devemos defender a vida em todas as
circunstâncias, pois não nos compete punir com a morte quem quer que seja.
Devemos também ampliar nosso horizonte, e perceber que existem pessoas sendo
mortas nos hospitais, por falta de assistência médica de qualidade. A violência
predomina nas ruas porque os governantes não cumprem o papel que deveriam.
Alguns políticos, ainda que indiretamente, estão fomentando a violência, na
medida em que tratam com descaso a pobreza e a miséria. A defesa da vida passa
por muitos lugares, inclusive por nós mesmos, e não apenas pelas nossas
opiniões, mas também pelas ações. Os cristãos que são contra o aborto também
deveriam defender a existência de órgãos públicos (ou mesmo religiosos) que
recebam crianças de mães que não têm condições de criar seus filhos. Apenas
criticar, ou até mesmo criminalizar, não resolve a situações do aborto. Ele vai
continuar existindo clandestinamente, precisamos defender a vida sempre, mas
criar alternativas viáveis para assistir as mães que engravidaram, mas não
podem criar seus filhos.
CONCLUSÃO
Tratar na mesma moeda não resolve, a
esse respeito é importante lembrar: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas
dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz
o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver
sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a
sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Rm.
12.19-21). Esse procedimento faz toda diferença na sociedade contemporânea,
como cristãos não devemos nos opor ao trabalho da justiça, mas temos a opção
pessoal de responder com bondade, ao invés do ódio e da vingança.
BIBLIOGRAFIA
BARCLAY, W. As obras da carne
e o fruto do Espírito. São Paulo: Vida Nova, 2000.
KELLER, W. P. Frutos do Espirito.
Venda Nova: Betânia, 1981