INTRODUÇÃO
Além dos ministérios de Ef. 4.11 existem algumas funções eclesiásticas, que visam a organização das igrejas cristãs, dentre elas destacamos o de presbítero. Na verdade esse seria mais bem caracterizado como um título, e não um ministério eclesiástico. Isso porque os dons ministeriais são provenientes diretamente de Cristo. Os títulos eclesiásticos, por sua vez, são necessidades às quais as lideranças reconhecem, para a organização institucional. Na aula de hoje mostraremos a origem do termo, seu desdobramento no Novo Testamento, e ao final, as qualificações para a escolha dos presbíteros.
1. A ORIGEM DO PRESBÍTERO, BISPO OU ANCIÃO
O termo presbítero remete à palavra hebraica zaqen, com o significado de ancião, utilizada inclusive em contextos mundanos (Gn. 18.11; Js. 6.21; I Sm. 28.14; Sl. 119.100; Ec. 4.13). Os anciãos eram pessoas respeitadas, geralmente por causa da idade, por causa da experiência acumulada (Is. 65.20). Essa é uma alusão à importância que os mais idosos tinham entre os povos antigos. De tal modo que entre os judeus se lamentava a morte de um ancião, pois com ele partia a sabedoria (Lm. 2.21). Mas Deus não faz distinção de pessoas pela idade, há a promessa em Jl. 2.28, que chegaria o dia no qual o Senhor derramaria o Espírito sobre toda carne, incluindo os idosos. Em Israel o zaquen ocupava posição de liderança na comunidade (Ex. 3.16; Nm. 11.16; Dt. 5.23; I Rs. 8.1). Eles são citados nos momentos mais importantes da história daquela nação, especialmente por ocasião da renovação do pacto com Israel (Js. 24.31). A palavra grega presbyteros, no Novo Testamento, também significa ancião, e tinha relação com a liderança na sociedade judaica. O termo presbítero era bastante comum entre os líderes das igrejas de predominância judaica. Enquanto que nas igrejas de maioria gentia o título mais utilizado era o de episkopos, geralmente traduzido por bispo, que significa um supervisor. Isso porque a palavra bispo é uma junção de epi e skopos no grego, que literalmente carrega o sentido “daquele que ver de cima”, entre um grupo de pessoas. Os presbíteros, bispos ou anciãos eram as lideranças das igrejas locais nos tempos da igreja primitiva. O título de pastor, associado aos líderes da igreja, teria surgido posteriormente, adotado como ofício pelos ministérios protestantes. A opção por um modelo institucional de igreja, mesmo nos tempos da igreja primitiva, não tem uma tendência dogmática. Por isso algumas igrejas evangélicas são pastorais, presbiterianas, episcopais, entre outros.
2. O PRESBÍTERO, BISPO OU ANCIÃO NO NOVO TESTAMENTO
Com base em At. 20.17,28 e Tt. 1.5,7 compreendemos que os presbíteros (gr. presbyteros) e bispos (gr. episkopos) tinham a mesma função eclesiástica. Era responsabilidade deles o governo na igreja, sem desprezar o ensinamento, requerendo que alguns desses se afadigassem na palavra e no ensino, tornando-se dignos de honorários dobrados (I Tm. 5.17). Tito fora deixado em Creta, para “por em ordem as coisas restantes”, e instituir uma liderança a fim organizar as congregações locais (Tt. 1.5-9). Para isso precisava atentar para algumas qualificações, que destacamos: 1) ter filhos crentes (v. 6) – Paulo enfatiza esse princípio ao escrever a Timóteo (I Tm. 3.5), isso mostra que a vida e o serviço cristão devem iniciar no lar, evidentemente essa orientação se aplica aos filhos que são de menores e que estão debaixo da responsabilidade do pai; 2) despenseiros de Deus (v. 7) – o presbítero não é proprietário, apenas administrador das coisas de Deus, uma espécie de mordomo (Lc. 16.1-13), não pode dizer que isso ou aquilo lhe pertence, antes reconhece que Deus é o dono de tudo, principalmente do rebanho (At. 20.28,29); 3) não pode ser arrogante – não deve ser impositivo, querer fazer sempre o que deseja, em detrimento da vontade e interesse dos demais, para tanto precisa estar aberto à avaliação, e não ter receio de críticas e sugestões; 4) não irascível (v.7) – não pode se irritar com facilidade, evidentemente existe uma possibilidade de ira, e essa não é pecado (Ef. 4.26), mas a ira não deve controlar o obreiro, nada poderá tirá-lo do centro, que é a moderação, fruto do Espírito Santo (Gl. 5.22); 5) amigo do bem (v.8) – deve se aproximar de coisas boas, principalmente de boas pessoas, não deve perder o seu tempo com coisas que o distanciem de Deus, muito menos que não edificam; 6) justo (v. 8) – justiça, nesse contexto, não diz respeito à justificação em Cristo, mas a uma justiça moral, isto é, uma direção para fazer o que é direito, não o que é errado, se distanciando de práticas escusas que não agradam a Deus, mesmo que sejam consideradas normais pela sociedade; 7) piedoso (v. 8) – alguém que vive em santidade (I Pe. 1.16), sendo, portanto, diferente dos demais, não apenas na aparência, mas principalmente na experiência com Deus, por isso deve cultivar momentos de devoção com o Senhor, para leitura da Bíblia e oração; 8) que tenha domínio de si (v.8) – uma pessoa controlada, isto é, disciplinada, prática que envolve o uso do dinheiro e do tempo, sua mente e corpo estão sob controle, sujeitando-se ao Espírito Santo, em temperança (Gl. 5.22) e 9) apegado à palavra fiel (v. 9) – Deus é verdadeiro, e não há mentira em suas palavras, por isso o presbítero deve voltar-se para a sã doutrina (I Tm. 1.10), a fim de edificar a igreja e rejeitar os falsos ensinamentos.
3. AS QUALIFICAÇÕES DO PRESBÍTERO, BISPO OU ANCIÃO
Ao que tudo indica, com base em At. 14.23, os presbíteros eram nomeados para o cargo eclesiástico, talvez por eleição. Esses deveriam apresentar algumas qualificações para o exercício da função na igreja. A principal delas deveria ser uma experiência pessoal e profunda com Cristo, e identificação com as orientações apostólicas, considerando o testemunho daqueles que andaram com o Senhor (I Pe. 5.1). Fazendo assim os presbíteros seriam participantes da glória que será revelada em Cristo, testemunhada pelo próprio Pedro no monte da transfiguração (Mt. 17.1-5; II Pe. 1.15-18). O verbo “apascentai” (gr. poimanete) mostra uma alusão direta do presbítero com o pastorado. Aqueles que pastoreiam o rebanho de Deus devem fazê-lo seguindo o exemplo de Cristo, o Bom Pastor (Jo. 10.11; 21.15-17). O pastorado somente terá efeito se for desenvolvido por livre e espontânea vontade, não por obrigação, por meio da força, ninguém deve ser coagido a se tornar pastor (I Pe. 5.3). As igrejas seriam mais saudáveis se os pastores estivessem no ministério por vocação, não por interesses os mais diversos, e às vezes, meramente pessoais. Alguns deles continuam diante da igreja apenas como uma profissão, motivados tão somente pelo dinheiro que haverão de receber. Alguns desses se tornarem dominadores da igreja, às vezes pensam que são donos dela, querem barganhar com o povo de Deus, principalmente nos períodos eleitorais. Em alguns casos essas líderes abusam espiritual do rebanho, resultando em feridas incuráveis, e o pior, em nome de Deus. Os pastores que são pastores têm uma terna preocupação com as ovelhas de Deus, eles alimentam o rebanho do Senhor, protegendo-o dos ladrões e saqueadores (At. 20.28-35). Eles também as supervisionam, acompanhado suas necessidades, não “por sórdida ganância, mas de boa vontade”. É justo que o pastor seja remunerado (I Co. 9.1; I Tm. 5.17, 18), mas esse não pode ser avarento (I T. 3.3), muito menos cobiçoso (Tt. 1.7). O pastor-presbítero deve ser um exemplo para o rebanho, somente assim alcançará a promessa de Cristo, quando Ele retornar em glória (I Pe. 1.7,8).
CONCLUSÃO
Muitas pessoas querem ser pastor, presbítero, bispo ou ancião, mas nem todas estão dispostas a pagar o preço que esse título requer. Aqueles que trabalharem com dignidade receberão do Pastor Fiel uma coroa de glória, uma recompensa perfeita para uma herança incorruptível. Que nesses anos, marcados pela ganância, Deus levante pastores-presbíteros-bispos-anciãos comprometidos com o rebanho, e cientes do julgamento futuro do Supremo Pastor.
Fonte: Ev. José Roberto A. Barbosa
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