Prof. Ev. José Roberto A.
Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos um dos
assuntos mais complexos, e às vezes, mais polêmicos, da teologia bíblica, a
escatologia. Nesta aula apresentaremos os aspectos conceituais da área de
estudo, destacando suas Escolas de intepretação, e o mais importante, os
princípios fundamentais para a interpretação do texto profético. Destacamos, a
princípio, a necessidade de uma avaliação criteriosa e contextualizada dos
textos, a fim de evitar excessos e especulações, sem fundamentação bíblica.
1. ESCATOLOGIA, ESTUDO DAS ÚLTIMAS
COISAS
A escatologia é uma área dos estudos
teológicos que trata a respeito das últimas coisas, ou da realidade ulterior.
Esse termo é derivado da combinação de duas palavras gregas: eschatos, que
significa último, e logos, que significa estudo ou doutrina. No âmbito da
Escatologia Pessoal, faz-se necessário ressaltar a dimensão material (corporal)
e imaterial (espiritual) do ser humano. Após a morte o crente entra
imediatamente na presença de Deus (II Co. 5.8), ainda que seu corpo físico
permaneça na terra, aguardando a ressurreição e a glorificação (I Co.
15.54,55). Quando o descrente morre, segue para o Hades (Lc. 16.19-31), onde
aguarda o julgamento do Trono Branco (Ap. 20.11-15). Depois do julgamento o Hades,
e todos aqueles que ali habitam, será lançado no lago de fogo, esse período,
que envolve tanto o período posterior à morte do justo quanto do ímpio, é
dominado de Estado Intermediário. A Escatologia Geral trata, fundamentalmente,
sobre a Volta de Cristo, doutrina repetidamente ensinada pelo Senhor (Mt.
24.27-31; 45-51; Mc. 13.32; At. 1.11). Além da volta de Cristo, os estudiosos
da Escatologia Bíblica assumem que existe uma sequência de eventos:
arrebatamento da igreja, tribunal de Cristo, Grande Tribulação, Milênio,
Ressurreição, Julgamento e Estado Eterno. Existem divergências em relação a
alguns aspectos da Escatologia Bíblica, especialmente quanto à ocasião do
Arrebatamento da Igreja, se esse se dará antes da Tribulação
(Pré-tribulacionismo), antes e durante a Tribulação (Parcial), no meio da
tribulação (Midi-Tribulacionsimo), ou após a Tribulação (Pós-tribulacionismo).
A diferença em relação a esse tema não compromete a ortodoxia, consideramos, no
entanto, que a posição mais apropriada é a Pré-tribulacionista (I Ts. 1.10; Ap.
4.1,2).
2. ESCOLAS DE INTERPRETAÇÃO NO ESTUDO
ESCATOLÓGICO
Existem diferentes escolas de
interpretação dos estudos escatológicos, relacionadas à maneira de abordar o
livro do Apocalipse. A Escola Preterista defende que o Apocalipse deve ser
interpretado no contexto do seu autor original, relacionando-o às adversidades
pelas quais passavam as igrejas do Sec. I. Por conseguinte, o objetivo desse
livro era o fortalecimento da igreja diante das perseguições. A Escola
Futurista argumenta que apenas os três primeiros capítulos do Apocalipse têm
enfoque histórico. Para os estudiosos dessa perspectiva, a partir do capítulo 4
o livro aponta para eventos futuros, que acontecerão nos últimos dias. O
objetivo do Apocalipse, de acordo com essa escola de interpretação, é descrever
a consumação do propósito redentor de Deus, nos últimos tempos. A Escola
Simbolista, ou Idealista, tende à alegoria, argumenta que o Apocalipse é um
texto figurado, que discorre a respeito da batalha cósmica entre o bem e o mal.
Para os adeptos dessa Escola, o texto apocalíptico não deve ser interpretado
literalmente, antes aponta para significados espirituais, que somente podem ser
compreendido na esfera cósmica. A Escola que mais condizente com a
interpretação bíblica é a Futurista, ainda que reconheçamos que no Apocalipse
existem passagens históricas (preteristas) e figuradas (simbólicas). O objetivo
principal do Apocalipse, de acordo com essa abordagem, é direcionar o leitor
para os eventos que deverão acontecer no futuro (Ap. 1.1). Para a Escola
Futurista o texto bíblico, de modo geral, deve ser interpretado literalmente,
sendo harmonizado em um todo coerente. Ela é importante para também porque
justificar a posição Pré-tribulacionista do arrebatamento da Igreja.
3. PRINCÍPIOS PARA A INTERPRETAÇÃO DA
ESCATOLOGIA
Existem muitas especulações
escatológicas nas igrejas, para evitar os excessos faz-se necessário estimular
uma abordagem apropriada no que tange à intepretação do texto profético. A esse
respeito é válido ressaltar o que disse Jesus sobre o cumprimento das
profecias: “quem lê entenda”, e não, quem lê invente (Mt. 24.15). As suposições
infundadas, e sem qualquer respaldo escriturístico, alimentam a imaginação dos
curiosos, mas não devem ser ensinadas na igreja. Uma interpretação apropriada
da profecia bíblica parte de uma abordagem que considere o método gramatical
(de acordo com as regras da gramática), histórico (coerente com o contexto
histórico da passagem), e contextual (de acordo com o contexto no qual foi
escrito). Evidentemente, conforme ressaltamos anteriormente, não podemos
desconsiderar que existem passagens proféticas que recorrem às figuras de
linguagem, e que não podem ser interpretadas literalmente. Além disso, é
necessário fazer as distinções devidas entre a profecia direcionada à igreja, e
àquelas cujo cumprimento se dará com Israel. Existem equívocos na interpretação
do texto escatológico que estão relacionados à confusão que alguns intérpretes
fazem sobre o papel de Israel e da Igreja no desenrolar dos acontecimentos
proféticos. Há profecias que são exclusivas para Israel, e que não podem ser
interpretadas como se fossem alusivas à Igreja. O futuro determinado por Deus
para Israel e a Igreja são distintos, um exemplo disso é o Arrebatamento, cujo
alvo é a Igreja do Senhor Jesus Cristo (I Ts. 4.13-18), e o Milênio, que o
Milênio terá como foco Israel, a nação escolhida por Deus (Ez. 36.33-36).
CONCLUSÃO
O estudo da doutrina das últimas
coisas – Escatologia – deve ser estimulado entre os crentes, considerando que
esse é um assunto recorrente nas Escrituras. Mas é preciso que esse seja
realizado com cautela, respeitado os princípios hermenêuticos, que orientam a
interpretação do texto profético. É importante também ressaltar que o objetivo
da Escatologia não é provocar discussões infundadas, ou mesmo debates
acalorados, mas que permaneçamos firmes na fé, na esperança da Palavra
Profética, que brilha como luzeiro, em um mundo de trevas (II Pe. 1.19).
BIBLIOGRAFIA
LAHAYE, T. HINDSON, E.
Enciclopédia popular de profecia bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
PENTECOST, J .D. Manual de
Escatologia. Sáo Paulo: Vida, 2002.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Pode comentar.... Não é da Conta de ninguém!