A EPÍSTOLA AOS ROMANOS
Texto Áureo: Rm. 1.16 Leitura
Bíblica: Rm. 1.1-17
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
A carta de Paulo aos Romanos pode ser considerada a
epístola fundamental da doutrina cristã. Não por acaso ela foi usada por Deus
para influenciar a vida da Sua igreja ao longo da história. Os pais da igreja
já a reconheciam como sendo a catedral da fé cristã, Agostinho foi por ela
influenciado, inclusive, na conversão. Os desdobramentos da Reforma Protestante
foram influenciados pelas revelações dessa Epístola. Por isso neste trimestre
estudaremos expositivamente essa Carta de Paulo, e nesta primeira aula
atentaremos para seus aspectos contextuais, sobretudo a autoria, propósito,
divisão, destacando sua relevância para a história da igreja.
I – ASPECTOS CONTEXTUAIS
Conforme At. 2.1, a multidão de peregrinos
presentes em Jerusalém para a festa de Pentecostes do ano 30 A. D. , incluía
visitantes procedentes de Roma, os quais após ouvirem a pregação do evangelho
por ocasião daquele dia, voltaram à sua terra e estabeleceram ali uma igreja
cristã. Sabemos, portanto, que quando Paulo escreveu sua carta aos romanos já
existia uma igreja fundada naquela cidade (At. 28.14,15). A simples comparação
entre as quatro obras clássicas de Paulo – Romanos, I e II Coríntios e Gálatas-
no que diz respeito ao estilo e vocabulário, revela-nos que todas essas quatro
cartas surgiram de uma mesma pena. O autor se apresenta, no início, como:
“Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho
de Deus”. Essa autoria foi ratificada pelos pais da igreja, dentre eles,
Clemente, Policarpo, Irineu e Inácio. Paulo era judeu de sangue, da tribo de
Benjamim (Rm. 11.1), e natural de Tarso, na Cilícia. Em Jerusalém, foi fariseu
zeloso, tendo aprendido aos pés de Gamaliel (At. 22.3; 26.4,5). Foi um
perseguidor veemente do cristianismo antes de sua conversão a Cristo (At. 7.58;
8.1; 9.1; 22.4; Gl. 1.13; Fp. 3.6; I Tm. 1.13). Sua conversão ocorreu no
caminho de Damasco quando se preparava para mais uma investida contra os
cristãos (At. 9.1,29; Gl. 1.11; 2.1). Não há consenso entre os estudiosos sobre
qual seria a razão primordial de Paulo ter escrito essa carta aos crentes de
Roma. O mais viável, pelo que se pode deduzir do texto, é que o Apóstolo
pretende, com essa carta, preparar sua estada futura entre eles (Rm. 1.13,15;
At. 19.21). A carta foi escrita quando Paulo estava em Corinto, por volta do
ano 57 d.C., a qual fora ditada a Tércio (Rm. 16.22). Paulo estava na região da
Macedônia e Acaia na época da escrita, visto que ele tinha acabado de fazer a
coleta para os santos de Jerusalém das igrejas daquela região, ainda que não
tivesse começado sua viagem a Jerusalém (Rm. 15.25-28). O tema central dessa
carta, como veremos ao longo deste trimestre, é a justificação pela fé (1.18;
5.21), com destaque para o fato de que tanto judeus quanto gentios são
igualmente culpados diante de Deus, como resultado de que ambos somente podem
ser salvos pela fé. Isso está bem definido em Romanos 1.16,17: “Porque não me
envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo
aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque nele se descobre a
justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé”.
II – PERSPECTIVAS DOUTRINÁRIAS DA
EPISTOLA AOS ROMANOS
Na esfera teológica (1.18-5.11) – a condição
perdida dos homens, sem a mínima possibilidade de salvação por méritos
próprios, tanto para os judeus como para os gentios. Cristo é apresentado,
portanto, como a solução visto que o pecador somente pode ser justificado
mediante o sacrifício vicário de Cristo, por meio da fé, não pelas obras.
Na esfera antropológica (5.12-8.39) – a existência
humana toma outra perspectiva, visto que o primeiro Adão foi vencido pelo
pecado, mas o segundo Adão, Cristo, venceu o pecado, não somente por ele, mas
por todos os homens, possibilitando, assim, uma vida orientada pelo Espírito,
não mais pela carne.
Na esfera histórica (9.1-11.36) – a realidade da
rejeição de Israel do plano de Deus e sua explicitação no que tange à doutrina
da salvação. Alguns judeus queriam impor seu modelo de vida legalista aos
gentios. Paulo, porém, mostra que a salvação é universal, não dependendo de
práticas meramente exteriores.
Na esfera ética (12.1-15.33) – o evangelho trás
algumas implicações para a vida diária, responsabilidades éticas para com a
igreja, a família e a vida ministerial. A santidade e o serviço cristão exercem
papel fundamental na demonstração de um estilo de vida genuinamente cristão.
III – O TESTEMUNHO DOS TEÓLOGOS DA
IGREJA CRISTÃ
Agostinho de Hipona – Em 386 A. D., Agostinho,
depois de uma vida distanciada de Deus, começou a chorar aos ler Rm. 13.13,14.
Ele complementa que “não li mais nada (...) e não precisei de coisa alguma.
Instantaneamente, ao terminar a sentença, uma clara luz inundou meu coração e
todas as trevas da dúvida se desvaneceram” .
Martinho Lutero – Em 1515 Lutero começou a expor a
Epístola aos Romanos aos seus alunos que o levou a seguinte conclusão: “Toda a
Escritura ganhou novo significado e, ao passo que antes ‘a justiça de Deus’ me
enchia de ódio, agora se me tornava indizivelmente bela e me enchia de maior
amor”.
John Wesley – ao acompanhar a leitura do prefácio
da Epístola aos Romanos de Lutero, Wesley testemunha que “senti que confiava em
Cristo, somente em Cristo, para a minha salvação. Foi-me dada a certeza de que
Ele tinha levado embora os meus pecados, sim, os meus. E me salvou da lei do
pecado e da morte”.
Karl Barth – no prefácio de sua exposição da
Epístola aos Romanos, diz ele: “o leitor (...) perceberá por si mesmo que foi
escrito com um jubiloso sentimento de descoberta. A poderosa voz de Paulo era
nova para mim. E se o era para mim, certamente o seria para muitos outros
também”.
CONCLUSÃO
A exposição da carta de Paulo aos Romanos, como se pode ver dos
testemunhos anteriores, serviram de inspiração para grandes avivamentos na
história da igreja. Nossa oração é que, ao longo deste trimestre, a igreja do
Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo seja também impactada pelas verdades
contidas nesse precioso documento da fé cristã. Para muitos, talvez, seja a
repetição de um livro outrora estudando, defendemos, porém, que voltar a
Romanos é sempre desafiador, sobretudo nos dias atuais, a fim de evitar deturpações
do evangelho da Graça Maravilhosa de Deus
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