Lição 13
A IGREJA E A LEI DE DEUS
Texto Áureo Rm. 3.31 – Leitura Bíblica Mt. 5.17-20; Rm. 7.7-12
Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
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INTRODUÇÃO
Na aula de hoje, a fim de reforçar as orientações
apresentadas, refletiremos a respeito da relação entre lei e graça no contexto
da igreja. Inicialmente meditaremos sobre o significado da lei de Deus para os
israelitas, em seguida, analisaremos a abordagem de Jesus no que tange à lei, e
ao final, compararemos o papel da lei e da graça para a igreja. Concluiremos
mostrando que os Dez Mandamentos se aplicam à igreja, mas que são cumpridos no
amor-agape.
1. A LEI DE DEUS
A revelação da lei de Deus deixou os israelitas atônitos, de
acordo com o registro bíblico, “todo o povo viu os trovões, e os relâmpagos, e
o sonido da buzina, e o monte fumegando; e o povo, vendo isso, retirou-se e
pôs-se de longe” (Ex. 20.18). Isso aconteceu depois que o Senhor desceu sobre o
monte Sinai, de modo que aquele povo pode testemunhar a glória de Deus (Ex.
19.18). Diante daquela manifestação gloriosa –
shekinah – o povo se distanciou do lugar, permanecendo distante. Isso
tem a ver com a demonstração da grandiosidade divina, e na limitação humana. Os
israelitas interpretaram a lei como instrumento de julgamento, deixando de
atentar para seu lado positivo (Ex. 20.19). Com base nessa tradição, uma ala do
judaísmo preferiu um relacionamento distante de Yahweh. Ele chegaram a pedir a Moisés
que intercedesse por eles, não queriam ouvir a revelação diretamente de Deus
(Ex. 20.19). Foi nesse contexto que Moisés se colocou como mediador entre Deus
e os homes, assumindo a condição de profeta. Esse testemunho é dado em Dt. 5.5
“naquele tempo, eu estava em pé entre o Senhor e vós, para vos notificar a
palavra do Senhor, porque temestes o fogo e não subistes ao monte”. O povo teve
dificuldade de compreender o espírito da lei, ao invés de vê-la como uma
dádiva, para evitar que eles pecassem, e fossem destruídos, assumiram apenas o
lado negativo (Ex. 20.20). Nos tempos de Jesus muitos religiosos interpretaram
erroneamente a Lei, tornando-a um fardo para as pessoas. O legalismo presente
em algumas igrejas evangélicas é um reflexo desse equívoco.
2. JESUS E O CUMPRIMENTO DA LEI
A própria Lei tem seus limites, ninguém é capaz de
guarda-la, estamos fadados ao fracasso, pela condição pecaminosa. É justamente
por esse motivo que Paulo explica que nenhuma carne será justificada diante de
Deus pelas obras da Lei. O próprio Apóstolo deixa claro que o papel da Lei e
apenas revelar o pecado (Rm. 3.20). Tiago reforça esse argumento ao declarar
que qualquer que tropeçar em um só ponto da lei torna-se culpado de todos (Tg.
2.10). A lei pode apenas condenar, ela não tem poder para salvar, identifica a
doença, mas não provê o remédio. Por isso temos a necessidade de um melhor
Mediador, providenciado pelo próprio Deus. A providência divina é atestada por
Paulo, afirmando que há apenas um Mediador entre Deus e os homens (I Tm.
2.5,6). Por meio de Cristo Deus providenciou o que a lei não pode fazer (Rm.
8.3), dando-nos um Mediador superior a Moisés (Hb. 3.3; 8.6; 9.15; 12.22-24).
Isso significa que não estamos sem Lei para Deus, estamos agora debaixo da Lei
de Cristo (I Co. 9.21). A obra redentora de Cristo cumpriu a Lei, Ele mesmo
declarou que não veio para destruir a lei, mas para cumpri-la (Mt. 5.17,18). Na
sua morte Jesus cumpriu a lei cerimonial (Mc. 27.50,51;Lc. 24.46), bem como as
instituições festivas e sacrificiais (Hb. 5.4,5; I Co. 5.7). Em consequência
disso não nos cabe mais ficar presos às cerimônias do culto judaico, como
apregoam algumas igrejas judaizantes (Cl. 2.17).
3. LEI E GRAÇA
A lei é boa e santa, serve para mostrar o pecado (Gl.
3.11,24,25), mas não pode libertar o homem do pecado (Rm. 7.12). Após a
regeneração o cristão se coloca na dependência do Espírito Santo, e passa a
produzir Seu fruto (Gl. 5.22). A produção do fruto do Espírito resulta no
processo de santificação (Rm. 8.1-7). Por meio dEle nos tornamos cumpridores de
toda a lei, na medida em que demonstramos amor a Deus e ao próximo (Mc.
12.28-33), nisso se resume a lei e os profetas (Mt. 22.40). A igreja segue a
Lei de Cristo, que se concretiza no amor, não mais na lei mosaica (Rm. 6.14; 13.9,10;
Gl. 5.18). De modo que, como dizia Agostinho, “ame a Deus e faça o que quiser”.
Essa declaração reflete a prática do cristão debaixo da graça, que é o favor
imerecido de Deus, tudo que fazermos deve ser motivado pelo ágape. Foi
justamente isso que Jesus disse ao declarar que a justiça dos Seus seguidores
deve exceder a dos escribas e fariseus (Mt. 5.20). Os religiosos do tempo de
Jesus se firmavam na observância a preceitos externos, mas os seguidores de
Cristo obedecem por amor (Jo. 14.21). Estamos libertos da lei mosaica, mas não
estamos livres da Lei de Cristo (Rm. 3.28), mas por causa do amor que temos por
Ele, e em reconhecimento da graça de Deus que nos alcançou, a obediência não
nos é um fardo, pois sabemos que o jugo de Jesus é leve e suave (Mt. 11.28).
Porque Ele nos amou primeiro, e provou entregando Sua vida por nós obedecemos
com alegria (Jo. 3.16; Rm. 5.8; I Jo. 4.19).
CONCLUSÃO
Os dez mandamentos têm o seu valor para a igreja atual,
principalmente se atentarmos para seus princípios imutáveis. Interpretá-los, à
luz do evangelho de Cristo, considerando-O como Mediador superior a Moisés,
possibilita aplicações que conduzem a uma vida santa. Mas todos esses
mandamentos podem ser reduzidos ao agape, a expressão do amor divino dirige-nos
para a obediência, com satisfação de estar no centro da vontade de Deus (Rm.
12.1,2).
BIBLIOGRAFIA
REIFLER, H. U. A ética dos dez mandamentos. São Paulo: Vida
Nova, 1992.
RYKEN, P. G. Os dez mandamentos para os dias de hoje. Rio de
Janeiro: CPAD, 2014.
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