Prof. Ev. José
Roberto A. Barbosa
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INTRODUÇÃO
Depois de estudar I e II Timóteo, nos
voltaremos, nas próximas aulas, à Epístola de Paulo a Tito. Na aula de hoje
apresentaremos alguns aspectos contextuais dessa Carta, ressaltando sua autoria,
data e propósito. Em seguida, mostraremos que Paulo, através desse texto,
pretendia despertar Tito, e os demais obreiros, para o ministério da Palavra.
Ao final, ressaltaremos a necessidade da organização pastoral da igreja,
sobretudo nas qualificações para a liderança cristã.
1. EPÍSTOLA A TITO: ASPECTOS
CONTEXTUAIS
A Epístola de Paulo a Tito tinha como
objetivo principal dar conselhos ao jovem pastor da ilha de Creta, com respeito
à supervisão e organização da igreja local (Tt. 1.5). Essa ilha era grande e
populosa, por volta de 141 a. C. se tornou forte o suficiente, chamando a
atenção de Roma, que a anexou em 67 a. C. Seus portos eram muito importantes
para os navios que atravessavam o Mediterrâneo, especialmente em tempos
tempestuosos (At. 27.7-14). Tito foi um gentio convertido a Cristo, filho de
pais gregos (Gl. 2.3), alcançado por Deus através do ministério de Paulo
(Tt.1.4). Esse obreiro foi bastante útil ao ministério do Apóstolo, tendo sido
responsável por conduzir epístolas de Paulo aos seus destinatários (II Co.
2.12; 8.6). A maioria dos estudiosos defende que a Epístola de Paulo a Tito foi
escrita por volta do ano 64. Ainda que essa seja a última na disposição dos
livros do Novo Testamento, foi escrita no mesmo período da I Epístola de Paulo
a Timóteo, antes da prisão final de Paulo em Roma, e de ter escrito II Timóteo.
A mensagem dessa Epístola é bastante apropriada na atualidade, considerando que
estamos atravessando um momento de crise ministerial no país. Alguns obreiros
estão cansados (Gl. 6.9), indolentes em relação à Palavra (I Tm. 5.17), pondo o
rebanho em risco (At. 20.29,30). Diante dessa realidade, faz-se necessário
despertar os obreiros para uma vida que reflita a Palavra de Deus, que tenha
cuidado não apenas da doutrina, mas de viverem aquilo que ensinam (I Tm. 4.16).
Por isso a Epístola de Paulo a Tito equilibra a sã doutrina (Tt. 2.1) com a
vida de piedade (1.1), demonstrada na prática das boas obras (Tt. 2.14).
2. A PALAVRA DE DEUS NO MINISTÉRIO
APOSTOLICO
Inicialmente Paulo apresenta suas
credenciais, como servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo (Tt. 1.1). Por ter
sido enviado por Deus, Paulo assumiu a condição de servo, a fim de promover a
fé dos eleitos de Deus. Isso não quer dizer que Deus tem preferência por
algumas pessoas, em detrimento de outras. Deus deseja que todos sejam salvos (I
Tm. 2.4), mas serão salvos aqueles que creem em Cristo (Jo. 3.16). Por isso a
igreja deve promover o pleno conhecimento da verdade, sendo embaixadora do
evangelho de Jesus. A ortodoxia bíblica é o fundamento da fé da igreja
cristã, é a sã doutrina a respeito da qual trata o Apóstolo. Mas a mensagem de
Deus não pode ser meramente intelectiva, deve resultar em transformação de vida
(Tt. 2.12). Tal mudança deve também trazer esperança em relação à vida eterna
(Tt. 1.2), pois nascemos de novo para uma viva esperança (I Pe. 1.3). O
fundamento dessa esperança não são as palavras humanas, mas as promessas de
Deus, encontradas na Palavra de Deus (Tt. 1.2). Por isso Tito, o filho
espiritual de Paulo, estava comprometido com o evangelho genuíno (Tt. 1.4), o
qual resultaria em benção graciosa da parte de Deus. O Apóstolo o deixou em
Creta para colocar algumas coisas em ordem (gr. epidiorthose - colocar na
linha). Paulo havia começado um trabalho naquela localidade, mas se fazia
necessário que houvesse continuidade (Tt. 1.5). Para tanto, Tito deveria
escolher obreiros fiéis, comprometidos com a Palavra de Deus. O antídoto contra
o falso ensinamento é o ensino da verdade, através da inspirada e proveitosa Palavra
de Deus (II Tm. 3.16,17).
3. A ORGANIZAÇÃO PASTORAL DA IGREJA
A organização da igreja cristã no
primeiro século estava fundamentada no presbiterado ou episcopado. Por isso
Paulo usa os termos presbítero (Tt. 1.5) e bispo (Tt. 1.7) para se referir à
mesma função. Assim, tanto o presbítero (gr. presbyteros) quanto o bispo (gr.
epíscopos) exercem a função de supervisão na igreja (At. 20.17,28). É
importante destacar que o objetivo de Paulo, com essa organização na liderança,
não é estabelecer uma hierarquia, mas o funcionamento adequado da igreja. O
Apóstolo apresenta algumas qualificações para a escolha desses obreiros (Tt.
1.6-9), de modo a ressaltar a vida piedosa como característica daqueles que têm
pretensões ao ministério. É digno de destaque a função precípua do obreiro
cristã, especialmente os presbíteros, é o ensino da Palavra de Deus, refutando
os contradizentes (I Tm. 5.17; Tt. 1.9-11). Negativamente, exige-se do
presbítero que seja irrepreensível (gr. anencletos), que não tenha motivo de acusação
(Tt. 1.6), marido de uma só mulher, não deve enveredar pela bigamia ou
poligamia, que seus filhos em tenra idade não sejam desobedientes, que seja
irrepreensível como despenseiro da casa de Deus (Tt. 1.7). Ele também não pode
ser soberbo (gr. authades – arrogante), nem iracundo (gr. orgilos – raivoso),
muito menos dado ao vinho, nem espancador (gr. plektes – violento), nem
cobiçoso (gr.aiskrokerdes – interesseiro) de torpe ganância (Tt. 1.7).
Positivamente, o presbítero deve ser hospitaleiro (gr. acolhedor) , amigo do
bem (gr. philagatos – bondoso), moderado (gr. sophron – equilibrado), justo
(gr. dikaios – correto), santo (gr. hosios – puro) e temperante (gr. egkrates –
controlado), e o mais importante, que retenha firme a fiel palavra, que é conforme
a doutrina (gr. didaskalia – ensino), para que seja poderoso, tanto para
admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes (gr. antilego
– os que se opõem à palavra) (Tt. 1.8,9). Esse padrão de comportamento dos
obreiros na Casa de Deus deve ser distinto do dos falsos mestres, que são
desordenados (gr. anupotaktos – insubmissos), faladores vãos (gr. mataiologos –
faladores insensatos) e enganadores (gr. phrenapates – sedutores), ensinam o
que não convém, por torpe ganância (gr. kerdos – interesse de lucro) (Tt.
1.10,11).
CONCLUSÃO
O pastor-presbítero-bispo tem a
responsabilidade de conduzir o rebanho de Deus através da Palavra. Para isso,
deve fazer uso das Escrituras, sendo essas a base do seu ministério, por meio
dos quais ensinará a sã doutrina, e se oporá aos falsos ensinamentos. Diante de
situações nas quais o evangelho de Cristo está sendo criticado, cabe a igreja
exercer a função apologética, com destaque para a liderança, que deve pelejar
pela fé que uma vez foi entregue aos santos (Jd. 3).
BIBLIOGRAFIA
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