sábado, 12 de setembro de 2015

Subsídio Escola Dominical CPAD - Lição 11 - A Organização de uma Igreja Local



Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD

INTRODUÇÃO
Depois de estudar I e II Timóteo, nos voltaremos, nas próximas aulas, à Epístola de Paulo a Tito. Na aula de hoje apresentaremos alguns aspectos contextuais dessa Carta, ressaltando sua autoria, data e propósito. Em seguida, mostraremos que Paulo, através desse texto, pretendia despertar Tito, e os demais obreiros, para o ministério da Palavra. Ao final, ressaltaremos a necessidade da organização pastoral da igreja, sobretudo nas qualificações para a liderança cristã.

1. EPÍSTOLA A TITO: ASPECTOS CONTEXTUAIS
A Epístola de Paulo a Tito tinha como objetivo principal dar conselhos ao jovem pastor da ilha de Creta, com respeito à supervisão e organização da igreja local (Tt. 1.5). Essa ilha era grande e populosa, por volta de 141 a. C. se tornou forte o suficiente, chamando a atenção de Roma, que a anexou em 67 a. C. Seus portos eram muito importantes para os navios que atravessavam o Mediterrâneo, especialmente em tempos tempestuosos (At. 27.7-14). Tito foi um gentio convertido a Cristo, filho de pais gregos (Gl. 2.3), alcançado por Deus através do ministério de Paulo (Tt.1.4). Esse obreiro foi bastante útil ao ministério do Apóstolo, tendo sido responsável por conduzir epístolas de Paulo aos seus destinatários (II Co. 2.12; 8.6). A maioria dos estudiosos defende que a Epístola de Paulo a Tito foi escrita por volta do ano 64. Ainda que essa seja a última na disposição dos livros do Novo Testamento, foi escrita no mesmo período da I Epístola de Paulo a Timóteo, antes da prisão final de Paulo em Roma, e de ter escrito II Timóteo. A mensagem dessa Epístola é bastante apropriada na atualidade, considerando que estamos atravessando um momento de crise ministerial no país. Alguns obreiros estão cansados (Gl. 6.9), indolentes em relação à Palavra (I Tm. 5.17), pondo o rebanho em risco (At. 20.29,30). Diante dessa realidade, faz-se necessário despertar os obreiros para uma vida que reflita a Palavra de Deus, que tenha cuidado não apenas da doutrina, mas de viverem aquilo que ensinam (I Tm. 4.16). Por isso a Epístola de Paulo a Tito equilibra a sã doutrina (Tt. 2.1) com a vida de piedade (1.1), demonstrada na prática das boas obras (Tt. 2.14).

2. A PALAVRA DE DEUS NO MINISTÉRIO APOSTOLICO
Inicialmente Paulo apresenta suas credenciais, como servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo (Tt. 1.1). Por ter sido enviado por Deus, Paulo assumiu a condição de servo, a fim de promover a fé dos eleitos de Deus. Isso não quer dizer que Deus tem preferência por algumas pessoas, em detrimento de outras. Deus deseja que todos sejam salvos (I Tm. 2.4), mas serão salvos aqueles que creem em Cristo (Jo. 3.16). Por isso a igreja deve promover o pleno conhecimento da verdade, sendo embaixadora do evangelho de Jesus.  A ortodoxia bíblica é o fundamento da fé da igreja cristã, é a sã doutrina a respeito da qual trata o Apóstolo. Mas a mensagem de Deus não pode ser meramente intelectiva, deve resultar em transformação de vida (Tt. 2.12). Tal mudança deve também trazer esperança em relação à vida eterna (Tt. 1.2), pois nascemos de novo para uma viva esperança (I Pe. 1.3). O fundamento dessa esperança não são as palavras humanas, mas as promessas de Deus, encontradas na Palavra de Deus (Tt. 1.2). Por isso Tito, o filho espiritual de Paulo, estava comprometido com o evangelho genuíno (Tt. 1.4), o qual resultaria em benção graciosa da parte de Deus. O Apóstolo o deixou em Creta para colocar algumas coisas em ordem (gr. epidiorthose - colocar na linha). Paulo havia começado um trabalho naquela localidade, mas se fazia necessário que houvesse continuidade (Tt. 1.5). Para tanto, Tito deveria escolher obreiros fiéis, comprometidos com a Palavra de Deus. O antídoto contra o falso ensinamento é o ensino da verdade, através da inspirada e proveitosa Palavra de Deus (II Tm. 3.16,17).

3. A ORGANIZAÇÃO PASTORAL DA IGREJA
A organização da igreja cristã no primeiro século estava fundamentada no presbiterado ou episcopado. Por isso Paulo usa os termos presbítero (Tt. 1.5) e bispo (Tt. 1.7) para se referir à mesma função. Assim, tanto o presbítero (gr. presbyteros) quanto o bispo (gr. epíscopos) exercem a função de supervisão na igreja (At. 20.17,28). É importante destacar que o objetivo de Paulo, com essa organização na liderança, não é estabelecer uma hierarquia, mas o funcionamento adequado da igreja. O Apóstolo apresenta algumas qualificações para a escolha desses obreiros (Tt. 1.6-9), de modo a ressaltar a vida piedosa como característica daqueles que têm pretensões ao ministério. É digno de destaque a função precípua do obreiro cristã, especialmente os presbíteros, é o ensino da Palavra de Deus, refutando os contradizentes (I Tm. 5.17; Tt. 1.9-11). Negativamente, exige-se do presbítero que seja irrepreensível (gr. anencletos), que não tenha motivo de acusação (Tt. 1.6), marido de uma só mulher, não deve enveredar pela bigamia ou poligamia, que seus filhos em tenra idade não sejam desobedientes, que seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus (Tt. 1.7). Ele também não pode ser soberbo (gr. authades – arrogante), nem iracundo (gr. orgilos – raivoso), muito menos dado ao vinho, nem espancador (gr. plektes – violento), nem cobiçoso (gr.aiskrokerdes – interesseiro) de torpe ganância (Tt. 1.7). Positivamente, o presbítero deve ser hospitaleiro (gr. acolhedor) , amigo do bem (gr. philagatos – bondoso), moderado (gr. sophron – equilibrado), justo (gr. dikaios – correto), santo (gr. hosios – puro) e temperante (gr. egkrates – controlado), e o mais importante, que retenha firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina (gr. didaskalia – ensino), para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes (gr. antilego – os que se opõem à palavra) (Tt. 1.8,9). Esse padrão de comportamento dos obreiros na Casa de Deus deve ser distinto do dos falsos mestres, que são desordenados (gr. anupotaktos – insubmissos), faladores vãos (gr. mataiologos – faladores insensatos) e enganadores (gr. phrenapates – sedutores), ensinam o que não convém, por torpe ganância (gr. kerdos – interesse de lucro) (Tt. 1.10,11).

CONCLUSÃO
O pastor-presbítero-bispo tem a responsabilidade de conduzir o rebanho de Deus através da Palavra. Para isso, deve fazer uso das Escrituras, sendo essas a base do seu ministério, por meio dos quais ensinará a sã doutrina, e se oporá aos falsos ensinamentos. Diante de situações nas quais o evangelho de Cristo está sendo criticado, cabe a igreja exercer a função apologética, com destaque para a liderança, que deve pelejar pela fé que uma vez foi entregue aos santos (Jd. 3).

BIBLIOGRAFIA

GOUD, D. 1 & 2 Timothy/Titus. Nashville: B & H, 1997.


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