Data:
5 de Junho de 2016
TEXTO ÁUREO
“Toda alma esteja sujeita às autoridades
superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades
que há foram ordenadas por Deus” (Rm 13.1). [Comentário: Os crentes têm uma base racional distinta para se
submeterem, de modo apropriado, às autoridades governamentais: o reconhecimento
de que o próprio Deus é a fonte do governo na sociedade humana (Pv 8.15,16; Dn
2.21).]
VERDADE PRÁTICA
Diante
da sociedade, o crente tem deveres civis, morais e espirituais.
LEITURA DIÁRIA
Segunda — Rm 13.1 - É Deus que constitui as
autoridades para que governem com justiça
Terça — Rm 13.2 - Resistir às autoridades é
resistir à ordenação de Deus
Quarta — Rm 13.3 - As autoridades são constituídas
para punir os que fazem o mal
Quinta — Rm 13.5 - Os crentes devem respeitar as
autoridades
Sexta — Rm 13.7,8 - Pagando os tributos e não devendo
nada a ninguém, a não ser o amor
Sábado — At 5.29 - A obediência a Deus deve vir
sempre em primeiro lugar
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Romanos
13.1-8.
1
— Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade
que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus.
2
— Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que
resistem trarão sobre si mesmos a condenação.
3
— Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más.
Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela.
4
— Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois
não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o
que faz o mal.
5
— Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo,
mas também pela consciência.
6
— Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus,
atendendo sempre a isto mesmo.
7
— Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem
imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.
8
— A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos
outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei.
HINOS SUGERIDOS
10,
185 e 436 da Harpa Cristã.
OBJETIVO GERAL
Conscientizar
que o crente tem deveres civis, morais e espirituais para com a sociedade na
qual está inserido.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo,
os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada
tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos
subtópicos.
I. Apontar
os deveres civis daqueles que foram alcançados pela graça divina;
II. Explicar
os deveres civis dos crentes;
III. Relacionar
os deveres espirituais dos crentes.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Dando
prosseguimento ao estudo da Epístola aos Romanos, estudaremos o capítulo 13.
Neste capítulo Paulo mostra que a nossa vida de fé em Jesus Cristo precisa ser
revelada em nossos relacionamentos interpessoais e com as autoridades
constituídas. O crente deve respeitar e se submeter às autoridades legitimamente
constituídas. Porém, isso não significa que ele deva concordar com o pecado
daqueles que estão em uma posição de liderança, como por exemplo, a corrupção,
o roubo e leis que são contrárias a Palavra de Deus, como por exemplo, a
legalização do aborto. Somos cidadãos dos céus, mas enquanto vivermos neste
mundo, precisamos pagar nossos impostos e seguir as leis estabelecidas
(13.1-5). Nosso respeito e submissão as autoridades revelam o quanto amamos e
respeitamos o Todo-Poderoso e as suas Leis.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Na
lição de hoje estudaremos o capítulo 13 da Epístola aos Romanos. Paulo trata
neste capítulo a respeito da relação dos crentes com as autoridades. Viver pela
fé na justiça de Deus implica obedecer às leis, as autoridades governamentais,
pagar impostos e seguir as regras e normas estabelecidas, demonstrando então
que somos uma nova criatura. A submissão do crente às autoridades revela seu
amor e sua obediência às leis de Deus. [Comentário: Depois de comentar sobre a atitude própria do crente em
relação a Deus, em relação aos irmãos na fé e em relação aos de fora (inclusive
inimigos), Paulo agora descreve como os filhos de Deus devem relacionar-se com
as autoridades governamentais. Paulo começa seu texto dizendo que todos devem
se sujeitar às autoridades governamentais. Mas o que isso significa? O desenrolar
do capítulo 13 explica esta sujeição evidenciando seu interesse em uma
obediência não ao indivíduo governante, mas à autoridade governamental no
exercício de sua função. Podemos dizer porque a linguagem paulina está sempre
relacionado à obediência às leis. O governo civil é um meio ordenado por Deus
para reger e manter a ordem nas comunidades. Soma-se a esse,o governo de
ministros na Igreja e pais no lar. Em nosso mundo decaído, essas autoridades
são instituições da “graça comum” de Deus, colocada como anteparo contra a
anarquia e contra a dissolução da sociedade ordenada. No texto áureo, o termo
“autoridade” é a tradução do grego exousia, Strong 1849: Uma das quatro
palavras para “poder” (dunamis, exousia, ischus e kratos), exousia significa a autoridade ou o
direito de agir, habilidade, privilégio, capacidade, autoridade delegada. Exousia é o direito de usar dunamis. É importante salientar que
Paulo não sugere que Deus aprova uma autoridade corrupta, oficiais ímpios ou
legislação injusta, embora algumas vezes, em punição aos pecados de uma pessoa
ou por outros motivos conhecidos por Deus, ele permita que os governantes maus
tenham autoridade por algum tempo. Idealmente, Deus concede autoridade para
fazer boas obras (v.3-4). A maneira como essa autoridade é exercida será
responsabilidade de cada um a quem ela foi concedida.] Dito isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?
Continue lendo...
PONTO CENTRAL
O
crente tem deveres civis, morais e espirituais para com a sociedade.
I. DEVERES CIVIS (Rm 13.1-7)
1. A natureza do Estado. O apóstolo Paulo parte do
princípio de que toda autoridade é constituída por Deus. [...] “Não há
potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por
Deus” (Rm 13.1 — ACRF). A tradução Almeida Corrigida Revisada Fiel usada aqui
deixa ambíguo o sentido desse texto ao usar a palavra potestade em vez de
autoridade. O termo potestade dá uma conotação de que a referência seja a seres
espirituais. Todavia, o termo exousia (autoridade), que ocorre 102 vezes em o
Novo Testamento grego, quatro vezes neste capítulo, possui o sentido, nesse
contexto, de governantes civis. A referência, portanto, diz respeito às
autoridades civis, quer locais, quer nacionais. O princípio da autoridade
constituída, ou delegada, vem de Deus, e por isso o crente tem o dever de se
submeter a ela. Esse princípio é fartamente documentado no Antigo Testamento,
onde é mostrado que nenhum governante exerce autoridade fora do domínio de Deus
(Pv 8.15,16; Dn 2.21; Is 45.1-7). [Comentário: Como Paulo vai desenvolver a ideia da submissão à
autoridade civil em Romanos 13.1-7? Paulo declara que esses governantes foram
designados por Deus, de modo que os que se lhes opõem estão resistindo à
ordenação de Deus. O insubmisso é definido em termos de praticar a maldade (v.
3), não pagar os impostos (v. 7) e não temer e honrar os líderes (v. 7),
estrutura esta que se repete em outro texto Paulino e até mesmo na fala de
Pedro (Tt 3.1 e 1Pe 2.13-14), onde sujeição sempre vem antes ou em paralelismo
com obedecer às leis, não agindo como um malfeitor. Desta forma, poderíamos reescrever
a ordenança paulina, trazendo o que foi escrito aos romanos debaixo de um
império para nosso momento, sob uma democracia representativa constitucional
como “Todos devem obedecer a lei”.]
2. O propósito do
Estado. A
natureza espiritual de um governo civil está no princípio da autoridade a ele
delegada. O propósito da sujeição do crente à autoridade constituída, segundo
Paulo, é especificado em Romanos 13.3,4. A razão dada é a promoção do bem e a
punição do mal por parte da autoridade. Em outras palavras, a manutenção da
ordem. Sem obediência a autoridade corre-se o risco de se cair numa anarquia. É
por isso que o apóstolo diz que o governo é ministro de Deus para a promoção do
bem comum, bem como para frear o mal. A palavra ministro, no grego, é diáconos,
vocábulo que mostra o princípio divino por trás do governo humano. São
ministros a serviço de Deus, mesmo que sejam governantes pagãos, como, por
exemplo, os imperadores Ciro e Nabucodonosor (Is 45.1; Dn 4.17). O princípio
bíblico em relação às autoridades é que o cristão as respeite e as honre (Rm
13.7). A desobediência civil só se justifica no caso de conflito entre a lei
humana e a divina (At 5.29). No caso de governos que decretam leis injustas e
estados totalitários que privam o exercício da fé, o cristão, em razão da sua
consciência para com Deus, deve moldar-se pela Palavra de Deus, para isso,
estando disposto a assumir todas as consequências de seus atos. [Comentário: Os crentes de Roma deveriam ter em mente que os
magistrados foram designados por Deus com o fim de promover o interesse do povo
sobre quem têm responsabilidade. Portanto, a fim de evitar a ira de Deus, e
também por causa da consciência daqueles a quem a carta de Paulo foi escrita –
os crentes de todas as épocas – devem submeter-se às autoridades civis. Os que
seguem o curso oposto, seria bom que se lembrassem de que estão se opondo ao
próprio Deus; além disso, o magistrado não porta sua espada sem motivo. A
autoridade do Estado visa o benefício da sociedade, essa é a sua função normal,
e Paulo pressupõe que isso pode ter lugar em termos práticos,mesmo quando as
autoridades do governo sejam reconhecidamente não cristãos, como era o caso
daquela igreja. Pelo fato de o governo civil existir para o bem de toda a
sociedade, Deus lhe confere o “poder da espada”, o uso legal da força para
aplicar as leis justas (v.14), e os crentes devem reconhecer isso como parte da
ordem de Deus (v.1-2). Entretanto, se um governo civil proíbe aquilo que Deus
exige ou exige aquilo que Deus proíbe, o crente não deve submeter-se, assim,
alguma forma de desobediência civil se torna inevitável (At 4.18-31; 5.17.29). O
compromisso maior dos cristãos é com Cristo, o Senhor (Fp 2.11); a sua
verdadeira pátria está nos céus (3.20). Isso relativiza a importância do estado
e de todas as instituições humanas.]
3. A igreja e o Estado. Paulo mostra que a sujeição por
parte dos cristãos às autoridades deve-se primeiramente por razões de
obediência. Nesse caso o crente deve submeter-se ao poder coercitivo da lei,
pagando impostos e tributos. É interessante notar que Paulo fala de dois tipos
de tributos nesse capítulo, phoros e telos. O primeiro termo é uma referência
aos impostos diretos enquanto a segunda aos indiretos. Paulo aconselhou os
crentes a cumprirem seus deveres pagando seus impostos (Mt 22.21). Mas havia
uma razão a mais para a submissão à autoridade — a consciência do crente. O
crente não deveria se sujeitar a autoridade simplesmente por medo da lei, mas
por uma questão de consciência diante de Deus. [Comentário: A esfera de autoridade da Igreja relaciona-se com o
governo civil no âmbito da moralidade. Os crentes devem exigir que os governos
civis cumpram o seu papel; devem orar pelo governo civil, obedecer-lhes e estar
atentos em relação a eles lembrando-os de que foi Deus quem os estabeleceu para
governar proteger e manter a ordem. No versículo cinco Paulo dá duas razões
pelas quais os crentes devem obedecer a autoridade: 1) Pelo castigo, isto é,
para evitar a punição que as autoridades executam sobre aqueles que fazem o mal
(v.4), e 2) Pela consciência, isto é, pois queremos ter a consciência tranqüila
perante Deus, que estabeleceu a autoridade e nos manda obedecer-lhe. Para um
aprofundamento nesse assunto, sugiro a leitura do artigo ‘IGREJA E ESTADO: UMA
VISÃO PANORÂMICA’, de Alderi Souza de Matos, disponível no link: http://www.mackenzie.br/7113.html.]
SÍNTESE DO TÓPICO (I)
O
crente tem deveres civis a cumprir.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Submissão as autoridades (13.1)
‘Toda
alma esteja sujeita às potestades superiores’. O apóstolo recomenda a submissão
à autoridade constituída. A seguir, o texto declara a razão por que devemos nos
submeter às autoridades: ‘Porque não há potestade que não venha de Deus; e as
potestades que há foram ordenadas por Deus’. A palavra ‘potestade’ refere-se a
‘autoridade ou poder delegado’. Neste parte do versículo, Paulo declara que
toda a autoridade vem de Deus.
13.2.
Neste versículo, o resistir às autoridades significa resistir a Deus, por isso
estamos legalmente obrigados a reconhecer e a obedecer às autoridades
constituídas. Resistir à autoridade é opor-se à lei divina, pois Deus mesmo
reconhece a lei civil. Quebrar a lei ou transgredi-la implica em consequências
negativas, isto é, em condenação, não só da parte das autoridades civis, mas
também da parte de Deus.
13.3,5.
‘Porque os magistrados não são terror para as boas obras’. Quando alguém
pratica o bem não tem o que temer. Note que Paulo declara que a autoridade
civil é ministro de Deus (v.4), por isso, o crente deve orar a Deus pela
autoridades constituídas e submeter-se a elas (v.5). Devemos nos submeter às
autoridades por dever de consciência. O crente obedece, não por medo de ser
punido, mas porque sua consciência lhe mostra o que deve fazer” (CABRAL,
Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5ª Edição. RJ: CPAD, 2005,
p.139).
II. DEVERES MORAIS (Rm 13.8-10)
1. A dívida que todos devem ter. O apóstolo reconhece os deveres
do cristão em relação ao Estado, e aconselhou a não ficarem em débito com
ninguém: “A ninguém devais coisa alguma [...]” (Rm 13.8). Em palavras atuais,
significa que o crente deve ter o “nome limpo na praça”. Por outro lado, Paulo
reconhece outra natureza de dívida, esta não negativa, mas positiva para o
crente. A dívida do amor. Não podemos dever nada a ninguém, exceto “o amor com
que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei” (Rm
13.8). Orígenes, um dos pais da igreja antiga, dizia que “a dívida de amar é
permanente e nunca a saldamos; por isso devemos pagá-la diariamente, e sem
dúvida, continuaremos devendo”. Amar o semelhante é uma obrigação moral que
temos para com a raça humana. [Comentário: Tendo-se preocupado, em 13.1-7, com o cumprimento, pelo
crente, da sua responsabilidade política, Paulo prossegue passando agora a
resumir a sua exortação ética particularmente ao mandamento do amor, que
abrange tudo. “A ninguém devais coisa alguma”: o tempo presente grego da
proibição pode ser traduzido assim: “continue não devendo nada a ninguém”.
O versículo, provavelmente, não proíba todas as dívidas, mas certamente proíbe
uma atitude de contentamento com o endividamento ou achar que o endividamento
seja uma situação normal (Sl 37.21). Esse versículo repete na forma negativa a
ordem positiva do versículo 7: “Daí a todos o que é vossa obrigação dar-lhes”.]
2. A segunda tábua da lei. Paulo havia falado muito sobre a
Lei nos capítulos anteriores, e aqui novamente ele volta a citá-la: [...] “quem
ama aos outros cumpriu a lei” (Rm 13.8). A lei dada a Moisés no Sinai foi
escrita em duas tábuas (Êx 34.1). Os quatro primeiros mandamentos enfatizam o
relacionamento vertical, isto é, entre Deus e os homens: Não ter deuses
estranhos; não fazer imagens; não profanar o nome de Deus e guardar o sábado.
Por outro lado, os outros seis mandamentos são horizontais, isto é, enfocam o
relacionamento entre as pessoas: Honrar os pais; não matar; não adulterar; não
furtar; não dar falso testemunho e não cobiçar. O interesse do apóstolo pelas
relações interpessoais fica claro quando ele cita, em Romanos 13, esses
mandamentos: “Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás
falso testemunho, não cobiçarás [...]” (Rm 13.9). [Comentário: Se realmente compreendermos o mandamento de amar ao
próximo, nós cumpriremos todos os deveres sociais e observaremos especialmente
aqueles mandamentos mais fundamentais nos relacionamentos humanos. O versículo
9 é um resumo das leis morais de Deus; todavia, um resumo não deve ser usado
para contradizer um dos itens que está resumindo. Portanto, dizer que o amor ao
próximo exige que alguém quebre algumas das leis de Deus de vez em quando, é um
mal-entendido das Escrituras. O amor aqui descrito é reflexo do amor divino
demonstrado em o Pai dar seu Unigênito, por amor por aqueles que não O amavam,
para padecer no lugar de pecadores. Crer e desfrutar dessa tremenda realidade
do amor divino sustenta o amor por Deus e pelo próximo que os dois grandes
mandamentos das Escrituras exigem (Mt 22.35-40). O nosso amor é a expressão da
gratidão pelo amor gracioso de Deus para conosco e deve imitá-lo como modelo
(Ef 4.32; 1Jo3.16), e o amor de Deus não é sentimental, mas orientado para a
ação (Jo 3.16; 1Jo 4.10) e constante.]
3. O segundo grande mandamento. Paulo reforça o seu argumento
sobre a lei do amor citando Levítico 19.18. Ele conclui dizendo que “o
cumprimento da lei é o amor” (Rm 13.10). O mandamento do amor sintetiza todos
os outros preceitos que promovem as relações (Rm 13.9). [Comentário: Os crentes têm obrigações para com o Estado; e os
crentes também têm obrigações para com outros seres humanos. Os versículos 8 a
14 continuam a discussão do capítulo 12 sobre a responsabilidade cristã de amar
os outros. O amor cristão é descrito por Paulo em 1Co 13, onde é marcante sua
total ausência de interesse próprio. Mais do que simples emoção – como normalmente
é entendido pelo mundo – o amor cristão é um princípio de ação; é uma questão
de fazer algo pelos outros por compaixão a eles, sem levar em consideração se
sentimos ou não afeição por eles. É por esse amor que seremos reconhecidos como
discípulos de Jesus (Jo 13.34-35). O crente deve se preocupar com o próximo
como alguém que foi criado a imagem de Deus; essa é a atitude que devemos
demonstrar para com os nossos semelhantes (Lc 6.31).]
SÍNTESE DO TÓPICO (II)
O
crente precisa obedecer princípios morais estabelecidos por Deus.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
“Deveres Morais (13.11-14)
Neste
texto, encontramos um imperativo moral para um viver cristão autêntico. É um
apelo à vigilância cristã e à conscientização da urgência do tempo.
13.11.
‘E isto digo, conhecendo o tempo’. Que há dentro desse tempo? São os sinais
predeterminados da vinda de Cristo. Por isso, a continuação do versículo 11 é
uma exortação ao despertamento espiritual contra toda a indiferença e frieza.
Estar despertado implica em estar de prontidão espiritual.
13.12.
‘As obras das trevas’ se contrapõem às obras da luz, pois são originadas pelo
príncipe das trevas, e suas obras são más e traiçoeiras. Entretanto, o Senhor
nos oferece as ‘armas da luz’ que são a graça, a bondade e a verdade do reino
de Cristo.
13.13,14.
‘Andemos honestamente’ (v.13). Diz respeito ao comportamento moral do crente,
‘não em glutonaria, nem em bebedeiras, nem em desonestidade, nem em
dissoluções, nem em contendas e invejas’. Ora, o padrão neotestamentário
rejeita as obras da carne. Deus abomina a licenciosidade e a intemperança.
Porém, no versículo 14, Paulo convida: ‘Mas revesti-vos do Senhor Jesus
Cristo’. Significa recebê-lo no coração e deixá-lo dominar inteiramente a nossa
vida. Não há vitória moral fora de Cristo. Estar revestido de Cristo é ter a
presença pessoal do Espírito Santo dentro de nós, limpando e purificando o
nosso interior” (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5ª
Edição. RJ: CPAD, 2005, p.140).
III. DEVERES ESPIRITUAIS (Rm 13.11-14)
1. Consciência escatológica
(v.11). Encabeçando
a lista dos deveres de natureza espiritual, Paulo apresenta um de natureza
escatológica: “E isto digo, conhecendo o tempo, que é já hora de despertarmos
do sono [...]” (Rm 13.11). A palavra tempo, aqui, traduz o termo grego kairós,
que significa tempo oportuno. Para o apóstolo, a vinda de Jesus era uma
realidade sempre presente na vida do crente. [Comentário: “conhecendo o
tempo” - Este termo para tempo (kairos) era usado no sentido de um período
especial de tempo, não o tempo regular cronológico (chronos). Os crentes têm que viver à luz da expectativa da volta de
Cristo a qualquer momento. Os versículos 11 a 14 têm uma orientação
escatológica, isto é, em direção ao fim do tempo. O contraste entre trevas e
luz é uma característica da literatura judaica, também comum nos escritos de
João e Paulo. É a tensão do “já” contra o “ainda não” da vida cristã como o
estímulo para um viver piedoso, pois a era do Reino de Deus foi inaugurada e
está para ser consumada em breve, e é muito semelhante ao texto de 1Ts 5.1-11.]
2. Consciênia da salvação e do
Espírito Santo (vv.11,14).
Nos dois últimos versículos de Romanos 13, observamos que há a necessidade de
uma consciência que seja soteriológica e pneumatológica (Rm 13.11). A
referência direta ao Salvador está na palavra salvação e a referência indireta
ao Espírito Santo está na frase: [...] “E não tenhais cuidado da carne em suas
concupiscências” (Rm 13.14). É o Espírito quem produz o fruto na vida do crente
de forma que este possa vencer as concupiscências da carne (Gl 5.19-22). Cabe
ao cristão andar no Espírito para não satisfazer os desejos da carne. [Comentário: “a nossa salvação está mais perto” – A
salvação é uma decisão inicial
e um processo. A salvação não
será completada enquanto os crentes não tenham recebido seus novos corpos (1Jo
3.2; 1Ts 4.13-18; Hb 9.28; 1 Pe 1.5). Teologicamente isto é chamado de
“glorificação” (Rm 8.30). É a esperança de cada geração de cristãos ter a
expectativa de que o Senhor retornará durante as suas vidas (Lc 21.28). Paulo
não era exceção (1Ts 4.15). Os versículo 13 e 14 tiveram um impacto
transformador na vida de Agostinho, no verão de 386 d.C.. Ele escreve em suas Confissões 8.29: “Eu não queria ler
mais, nem precisava; no final desta frase, instantaneamente uma luz clara
inundou meu coração e todas as trevas de dúvida desapareceram”. A vida cristã
começa com a decisão (justificação e santificação instantânea), mas tem que
resultar em um estilo piedoso de vida (santificação progressiva), que termine
na semelhança de Cristo (glorificação). Para isso, a pessoa tem que aceitar a
oferta divina em Cristo (Jo 1.12; 3.16; Rm 10.9-13). Esta decisão inicial não é
o fim, mas o começo! No versículo13, “Andemos honestamente”, significa literalmente
“caminhar”. Isto era uma expressão idiomática hebraica referente ao estilo de
vida.]
SÍNTESE DO TÓPICO (III)
O
crente precisa obedecer princípios espirituais estabelecidos por Deus.
SUBSÍDIO ESCATOLÓGICO
“Romanos 14.10-12
Cada
um de nós dará contas do que faz a Cristo, não aos demais irmãos. Embora a
Igreja procure ser inflexível em sua posição contra certas atividades ou
comportamentos expressamente proibidos pelas Escrituras (adultério,
homossexualidade, assassinato e roubo), ninguém deve criar regras e
regulamentos adicionais, concedendo-lhes uma condição semelhante à lei de Deus.
Muitas vezes, os cristãos baseiam seus critérios morais em opiniões,
particularidades pessoais ou preceitos culturais, em vez de na Palavra de Deus.
Quando o fazem, mostram como sua fé é fraca e não imaginam como Deus é
suficientemente poderoso para guiar seus filhos. Quando nos colocamos perante
Deus e prestamos contas de nossa vida, não nos preocuparemos com o que nosso
vizinho cristão fez (2Co 5.10)” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RJ: CPAD,
p.1575).
CONCLUSÃO
Nesta
lição, vimos as responsabilidades que o cristão deve assumir, tanto no convívio
social como espiritual. Como ser social, temos deveres para com o Estado.
Devemos respeitar a ordem estabelecida. Todavia, como ser moral e espiritual
temos deveres para com o outro. Não somos apenas cidadão do céu (Fp 3.20),
somos também cidadãos da Terra. Devemos investir nos relacionamentos
horizontais, mantendo sempre em mente que o salvo em Cristo não é uma ilha.
Precisamos uns dos outros. [Comentário: O princípio dominante deste capítulo é o amor. Paulo
falou da importância do amor antes de oferecer exemplos de como devemos nos
portar (12.9-10) e voltará ao mesmo tema em 13.8-10. Jesus citou o amor nos
dois grandes mandamentos, e Paulo o vê como a qualidade fundamental em todo o
nosso serviço a Deus. Ao falar de nosso dever como cidadãos, Paulo não afirmou
que os governos sejam sempre bons. Ele identifica a função básica do governo e,
mais ainda, a obrigação do crente de ser submisso às autoridades. Lembremos que
naqueles dias, quando escreveu esta carta, o império romano foi dominado por um
dos piores líderes da história, Nero. Nessa situação, não coube aos crentes se
rebelar contra o governo. A vingança pertence a Deus! Por isso, o crente não
procura a vingança (12.19-21), pois ela pertence a Deus. Mas ele emprega os
governos para trazer a vingança divina contra os malfeitores. Finalmente, vimos
que o dever primordial do crente é o amor, um fato fundamental para entender as
aplicações dos próximos capítulos. Toda a lei de Deus se resume no amor. Adultério,
homicídio, furto, cobiça, etc., são atos contra outros que ferem o princípio do
amor divino, modelo a ser por nós imitado. O crente deve viver no contexto da
eternidade. Cada um de nós está se aproximando ao nosso encontro com Deus, por
essa razão, não podemos brincar com o
pecado, nem praticar as obras das trevas que o mundo faz. Quem vive
despreocupado com a eternidade certamente não estará preparado para o seu
encontro com o Senhor.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e
isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Hoje, em Campina Grande-PB
Maio de 2016
PARA REFLETIR
A
respeito da Carta aos Romanos, responda:
Quem
constitui as autoridades?
Deus.
As autoridades são ministros a serviço de Deus, mesmo que sejam governantes
pagãos, como, por exemplo, os imperadores Ciro e Nabucodonosor.
Qual
a razão do crente se submeter às autoridades?
Paulo
mostra que a sujeição por parte dos cristãos às autoridades deve-se
primeiramente por razões de obediência.
O
que pode acontecer quando a sociedade deixa de obedecer às autoridades?
Caos
e desordem.
Qual
o princípio bíblico em relação às autoridades?
O
princípio bíblico em relação às autoridades é que o cristão as respeite e as
honre (Rm 13.7).
O
que significa “a ninguém devais coisa alguma” (Rm 13.8)?
Em
palavras atuais, significa que o crente deve ter o “nome limpo na praça”. Por
outro lado, Paulo reconhece outra natureza de dívida, esta não negativa, mas
positiva para o crente. A dívida do amor. Não podemos dever nada a ninguém,
exceto “o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros
cumpriu a lei” (Rm 13.8).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
Deveres
civis, morais e espirituais
A
história da humanidade pode ser contada a partir das sucessivas tentativas de
derrubadas e soerguimentos de governos humanos. Ora, o Antigo Testamento mostra
com clareza as derrubadas de impérios e reinos, e o levantamento de outros
reinos no lugar daqueles abatidos. A história da humanidade também é uma
história da busca e de conquista do poder.
Na
época do apóstolo Paulo, o sistema de governo vigente no mundo era a Monarquia
Absolutista. O poder era centralizado na pessoa do imperador de Roma. Quando o
apóstolo se refere sobre a devida obediência às “Autoridades superiores”, ele
se referia a autoridade civil exercida pelo governo de Roma, bem como a
referência direta aos administradores do governo romano.
Um
ponto que é claro na epístola, e no capítulo 13, é que as obrigações que
incidem em nossa sujeição às autoridades civis, mediante ao ensino apostólico,
significam fazer a “boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2). Neste
sentido, devemos obediência ao governo civil porque, em primeiro lugar, toda
autoridade provém da parte de Deus. Neste caso, o governo e os magistrados são
responsáveis para punir o malfeitor e assegurar o bem estar das pessoas de bem
(Rm 13.2-5). Outro ponto: a obediência à autoridade não pode ser apenas pelo
medo de ser punido, mas pela consciência de que é uma instituição divina
(13.5). Entretanto, quando lemos a carta de Paulo aos Romanos, mais
especificamente o trecho sobre as autoridades civis, nós devemos levar em conta
algumas questões importantes:
1.
O sistema de governo de Roma na época de Paulo não é o mesmo do atual.
2.
Diferentemente da Monarquia Absolutista, hoje a maioria das nações tem o
sistema de governo sob a perspectiva de leis, segundo o advento das
Constituições.
3.
No regime das Constituições, o chefe do Estado, apesar de ser uma autoridade
com poderes previstos na Constituição, não é um déspota, mas o servidor da
nação com limites muito claros e delimitados segundo o sistema constitucional.
4.
Se a autoridade for responsável por crime de responsabilidade ou atentar contra
a probidade administrativa, a Constituição prevê caminhos para a destituição
dessa autoridade.
Portanto,
hoje o que caracteriza a desobediência civil é o descumprimento da Constituição
e do sistema de Leis vigente em nossa nação.
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