Texto Áureo: Rm.
16.27 Leitura Bíblica: Rm. 16.27
Prof. Ev. José
Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
A sociedade contemporânea
está marcada pelo individualismo, parafraseando um provérbio popular, tem sido
“cada um por si e o diabo contra todos”. Na aula de hoje, a conclusão da
Epístola aos Romanos, nos voltaremos para a importância do cultivo das relações
interpessoais na igreja. Inicialmente, destacaremos os perigos às relações
iniciais no âmbito eclesiástico. E ao final, apontaremos orientações bíblicas
com vistas ao investimento nas relações interpessoais da igreja.
I – AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS
As conclusões das Epístolas de Paulo, dentre
elas a de Romanos, identificamos a preocupação do Apóstolo com as relações
interpessoais na igreja cristã. No capítulo 16 nos deparamos com uma longa
lista de pessoas engajadas no ministério de Paulo. As palavras graciosas do
Apóstolo revelam o cuidado que esse tinha com as pessoas da comunidade de fé.
Essa atitude deve inspirar os crentes contemporâneos, sobretudo os líderes
eclesiásticos, para não se esquecerem que estão lidando com pessoas, não apenas
com coisas. Há pastores que se preocupam demasiadamente com os templos, mas não
atentam para as pessoas que estão dentro dele. É importante ressaltar que as
pessoas são mais importantes que as coisas, até mesmo que os rituais
religiosos. Esse foi o pecado daqueles religiosos que desmereceram o homem
jogado à beira do caminho, na parábola do Samaritano, contada por Jesus (Lc.
10.25-37). Uma das características principais do cristianismo deve ser a
inclusão. A igreja em Roma era formada por crentes judeus e gentios, homens e
mulheres, e todos foram instados por Paulo a viverem em união, mesmo com suas
diferenças (Rm. 16.1,2). As mulheres tiveram papel importante no ministério de
Paulo, ele destaca a atuação da irmã Febe, uma das servas do Senhor no Corpo de
Cristo. Como demonstra Lucas em sua narrativa, as mulheres também foram
importantes no ministério de Jesus, principalmente para o sustento financeiro
(Lc. 8.3). Priscila, que não por acaso seu nome é citado antes do nome do esposo, foi
uma mulher dedicada ao ministério (At. 18.2,18,26; I Co. 16.19; II Tm. 4.19).
II – PERIGOS ÀS RELAÇÕES INTERPESSOAIS
A igreja deve ser um
ambiente para o envolvimento pessoal, por isso somos chamados de irmãos e
irmãs. Fazemos parte da família de Deus, por isso devemos nos tratar como
membros de uma irmandade. Por causa do individualismo predominante na sociedade
contemporânea, muitas igrejas locais estão sendo solapadas. Os crentes não se
envolvem uns com os outros, eles têm receio de mostrar suas limitações,
sobretudo a normalidade. Há congregações em que as pessoas não se envolvem,
elas se reúnem durante a celebração do culto, mas depois não sabem mais quem
são. Esse individualismo reflete também no descaso em relação às necessidades
dos outros, quando alguém não consegue ter o suficiente, pode até ser julgado por
não ter se esforçado o suficiente. Esse cristianismo, influenciado pela
filosofia neocapitalista, está adoecendo não apenas a sociedade, mas também as
igrejas. A koinonia está em perigo, como no tempo dos judaizantes, cada um olha
para seu umbigo, ou como diz o ditado, “puxa a brasa para sua sardinha”. O
partidarismo está sendo normalizado na igreja, tendo também a política como
fonte de intrigas e interesses. Como nos tempos de Paulo, há os “que promovem
dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes” (Rm. 16.17).
Naqueles tempos havia duas filosofias que estavam se infiltrando dentro das
igrejas. O legalismo, que proibia tudo, e buscava orientar os crentes para as
práticas judaicas; e o gnosticismo, que era permissivo, incitando os crentes ao
antinomismo. O objetivo da igreja é glorificar a Deus (Rm. 11.36), para tanto
os crentes devem aprender a conviver, a se aceitarem em suas diferenças, mas
sem fazer concessões com a verdade do evangelho.
III – O CULTIVO DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS
O cultivo das relações interpessoais é
fundamental para o crescimento, principalmente o espiritual da igreja. Para
tanto, cada crente precisa passar por um processo de autoconhecimento, a fim de
identificar suas falhas, fraquezas e imperfeições (Rm. 12.3). Isso é possível
por meio de uma experiência cotidiana com o Senhor (Hb. 4.14-16), demonstrando
sinceridade diante dEle (II Co. 3.17-18), na busca constante pela maturidade
espiritual (Rm. 8.29; I Pe. 1.23-25). Esse é o princípio para perdoar os
outros, e ser ministro da reconciliação (Ef. 4.1-6), mantendo a unidade do
Espírito, pelo vínculo da paz. Deus perdoou a todos nós, e nos tratou com Sua
graça maravilhosa. De igual modo, devemos perdoar uns aos outros (Cl. 3.13), e
fundamentar nossos relacionamentos em humildade, seguindo o modelo de Cristo
(Fp. 2.6). Os crentes da igreja de Jerusalém aprenderam essa lição desde cedo,
pois todos os que criam estavam unidos, e tinham tudo em comum (At. 2.44). Isso
somente acontecia porque os crentes sabiam o que era o amor-agape, a base do
relacionamento fraternal (Rm. 12.10). Eles também se respeitavam, sobretudo os
mais jovens em relação aos mais velhos, em especial os que exerciam liderança
(Rm. 13.7; I Ts. 5.12,13). Viver em paz, exercitando graça e misericórdia, deve
ser o alvo de todo cristão (Rm. 12.18; 14.19; II Co. 13.11). É interessante
observar que Jesus sempre tinha compaixão das pessoas, ou para usar uma
expressão mais contemporânea, ele “se colocava no lugar do outro” (Mc. 8.2). O
mundo não sabe, mais precisa ansiosamente da igreja, pois essa, se souber a que
veio, poderá fazer toda a diferença. Por outro lado, devemos permanecer alerta,
para não nos deixar contagiar pela doença do individualismo, que está se
naturalizando na sociedade, inclusive na igreja.
CONCLUSÃO
Fomos chamados por
Deus para viver em comunhão – koinonia – e essa deve ser continuamente
experimentada pela igreja. Para isso precisamos aprender a conviver com as
diferenças, e a nos aceitar como um em Cristo. Precisamos, sempre que possível,
criar oportunidades na igreja, a fim de cultivar os relacionamentos
interpessoais. Não podemos ser apenas assistentes de cultos, mas pessoas
engajadas, envolvidas umas com as outras, assumindo a posição de membros do
mesmo corpo, o de Cristo (Rm. 12.4,5; I Co. 12.27).
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