JESUS, O MODELO IDEAL DE HUMILDADE
Texto Áureo: Fp. 2.5 – Leitura Bíblica: Fp. 2.5-11
Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD
INTRODUÇÃO
Na última aula destacamos que a humildade é uma das características do
cristão, condição necessária para a unidade da igreja. Na de hoje
aprofundaremos esse tema, apontando Cristo como o modelo ideal de
humildade. Inicialmente destacaremos a humilhação de Cristo, em seguida
sua exaltação, e ao final, a necessidade de vivermos, como cristão, na mesma
humildade.
1. O CRISTO HUMILHADO
O texto bíblico tem sido amplamente debatido entre os estudiosos das
Escrituras, muito usado para explanar a doutrina da kenosis, isto é,
do esvaziamento de Cristo. Mas esse não é o foco principal dessa passagem,
tendo em vista que Paulo estava orientando em relação a um problema
prático na igreja de Filipos. Isso não deve ser motivo para desconsiderar o
estudo teológico, apenas mostra que a teologia precisa está vinculada à prática.
Os problemas não podem ser solucionados somente com base nas nossas
experiências. A doutrina bíblica é o alicerce a partir do qual a liderança
toma as decisões na igreja. É nesse sentido que a doutrina da kenosis
(gr. Esvaziamento) tem como objetivo orientar os cristãos à humildade.
Cristo abriu mão de usar seus atributos divinos em causa própria.
Mesmo “subsistindo” (gr. hyparquein) em forma (gr. morphe) de Deus
(Fp. 2.6), e sendo o Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis (Cl. 1.16),
“não julgou como usurpação o ser igual a Deus”, isto quer dizer que Ele não
considerou a sua igualdade a Deus, antes, por amor aos homens, decidiu
esvaziar-se. Esse esvaziamento, verbo grego kenou, revela que Ele não
deixou de ser Deus, nem mesmo que perdeu seus atributos, mas
renunciou Sua glória celestial (Jo. 17.5). Isso para assumir a forma de
servo (Fp. 2.7), nos evangelhos Ele se apresenta como um servo
(Mt. 20.27; Mc. 10.45; Lc. 22.27). Quando os discípulos quiseram ser uns
maiores do que outros, o Senhor radicalizou, pegou uma toalha e uma bacia
e lavou os seus pés (Jo. 13.1-13). Cristo tomou a forma real de homem,
não era apenas aparente, como defendiam os adeptos do docetismo gnóstico.
Ele era homem tanto internamente quanto externamente, tornando-se semelhante
a Adão, mas sem pecado. Ele também se fez semelhante (gr. homoioma),
isso mostra que Cristo não tinha apenas sentimentos e intelecto humanos
(gr. morphe), tinha também aparência humana. A realização extrema
dessa humilhação foi demonstrada em Seu sacrifício (Fp. 2.8). Cristo foi
obediente até a morte, e morte de cruz, para remover o pecado (I Pe. 2.24;
II Co. 5.21).
2. O CRISTO EXALTADO
Para ser exaltado primeiramente Cristo precisou sacrificar-se, essa é uma
lição para nós, o caminho da exaltação passa pelo vale da humilhação.
A Bíblia revela que Deus exalta aqueles que se humilham (Mt. 23.13;
A Bíblia revela que Deus exalta aqueles que se humilham (Mt. 23.13;
Lc. 14.11; 18.14; Tg. 4.10; I Pe 5.6). Jesus não ficou na sepultura,
Deus o ressuscitou de entre os mortos (At. 2.33; Hb.1.3), dando-LHE
“toda autoridade no céu e na terra” (Mt. 28.18). A máxima bíblica,
que não pode ser esquecida, principalmente nessa geração da projeção
pessoal, é: “... todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha
será exaltado” (Lc. 18.14). Essa exaltação de Cristo não foi uma restituição
da Sua divindade, pois essa Ele nunca perdeu, mas da Sua glória,
que tinha antes que houvesse mundo (Jo. 17.5,6). Ele foi exaltado
“sobremaneira” (gr. hyperhypsoun), tendo ultrapassado os céus (Hb. 4.14),
feito mais alto que os céus (Hb. 7.26) e subindo acima de todos os céus
(Ef. 4.10). A Sua exaltação demanda uma atitude daqueles que nEle creem,
os quais devem reconhecer Seu senhorio (Fp. 2.10). A igreja, na condição de
súdita do Reino de Deus, já se encontra diante do Senhor, mas, no futuro,
quando o Reino for pleno, toda língua confessará que Jesus é o Rei dos reis
e o Senhor dos senhores (Fp. 2.11; Ap. 5.13). Os apóstolos pregavam a
respeito do senhorio de Cristo, mais que isso, eles viveram em submissão,
reconhecendo Seu governo (At. 2.36; Rm. 10.9; Ap. 17.14; 19.16).
Uma das primeiras confissões de fé da igreja cristã foi: Cristo é o Senhor,
revelando Sua soberania. Isso significa que Ele está no comando de todas
as coisas, nada ocorre sem Sua permissão. Muitos cristãos pregam a salvação,
reconhecem Cristo como Salvador, mas não como Senhor. A igreja não
pode esquecer essa doutrina fundamental das Escrituras: Cristo reina, portanto,
devemos nos submeter à Sua voz.
3. UM MODELO IDEAL
O triunfalismo está destruindo o modelo bíblico para a igreja cristã, não poucos
líderes estão obcecados pelo poder temporal. Ninguém quer mais servir,
alguns pastores acham-se quase deus, esqueceram que são, antes
de tudo, diáconos (servos), tanto de Cristo quanto da igreja. Esse
endeusamento acaba por provocar um desejo contido, uma neurose
eclesiástica coletiva, implicando em doença no contexto da igreja.
Os membros não querem ser diáconos, presbíteros nem pensar,
evangelistas, talvez, mas a preferência nacional mesmo é a de ser
pastor. Isso sem falar naqueles que são apóstolos, bispos, e se brincar,
semideuses, em uma luta desenfreada para ser o maior. Paradoxalmente
Jesus ensinou justamente o contrário, que quem quiser ser o maior
deve ser o menor. A atuação dos membros na igreja deve está alicerçada
no princípio da funcionalidade, isso porque somos partes de um mesmo
corpo, com múltiplas funções, dependendo das necessidades
(I Co. 12.12). O sistema eclesiástico torna-se doentio quando a hierarquia
resulta em um fim em si mesmo. Os espaços são limitados, e as pessoas
disputam as posições de poder. O resultado é pura carnalidade, conflitos
infindos que se arrastam, na medida em que um derruba o outro, mirando
assumir sua posição. Esse sistema alimenta muita inveja, faz com que as
pessoas não estejam dispostas a servir, mas a bajular. Elas se aproximam
das pessoas não porque as amam, ou porque lhes desejam bem, mas por
interesse, a fim de tirar algum proveito. Diante desse quadro, precisamos
recuperar o modelo bíblico da liderança servidora. Os pastores das igrejas
locais precisam dar o exemplo, cultivar uma cultura bíblica do serviço,
motivar os crentes a se colocarem a disposição uns dos outros, com genuíno
amor cristão. As posições de liderança são bíblicas, e os pastores devem ser
respeitados como tais, aqueles que se dedicam à Palavra, dignos de redobrada
recompensa (I Tm. 5.17), mas devem ter cuidado para não se transformarem
em celebridades evangélicas, alimentando um sistema fadado ao fracasso
espiritual.
CONCLUSÃO
Cristo é o maior modelo de humildade, Ele conviveu com a disputa pelo poder
nos tempos dos apóstolos. Os discípulos já sofriam da síndrome do espírito
de grandeza, cada um queria ser maior que o outro. Paulo também teve
que enfrentar esse problema em Filipos, e nós, nos deparamos com situações
de disputas por posição a todo instante. Mas precisamos ter equilíbrio
espiritual, e não esquecer, que, tal como Jesus, não fomos chamados
para ser servidos, mas para servir (Mc. 10.45).
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